Times com pessoas de diferentes idades são ótimos para as empresas, mas podem trazer desafios. Entenda como lidar da melhor forma
Já não é novidade que quanto mais diverso for o ambiente de trabalho, melhor. Diferentes visões de mundo contribuem de inúmeras formas para o crescimento da empresa – e isso se aplica também às idades dos colaboradores e dos sócios. Antes de tudo, vale lembrar que, quando se pensa em gerações, não existe um consenso sobre a exatidão das datas que abrangem cada uma delas, mas uma divisão possível seria a seguinte: baby boomers (nascidos entre anos 1940 e 1960), geração X (de 1960 a 1980), geração Y ou millenials (de 1980 a 2000), geração Z (2000 a 2010) e geração alfa (a partir de 2010).
Cada uma destas gerações costuma ter características próprias, relacionadas aos contextos de cada época. “Estas pessoas com idades tão diferentes estão se encontrando no mercado de trabalho porque a expectativa de vida aumentou e a aposentadoria está demorando mais para acontecer. Temos de aprender a lidar com contextos de vida diferentes”, afirma Esmeralda Queiroz, consultora do Sebrae-SP. “Antes, a passagem do tempo era menos dramática. Agora, com a velocidade do avanço tecnológico, muitas mudanças acontecem de uma década para outra”, diz. A seguir, confira dicas da consultora para lidar com equipes multigeracionais no trabalho:
1- Ninguém é dono da verdade
Não importa qual é a sua geração, o fato é que ninguém é dono da verdade. Ou seja: ter mais idade não significa saber de tudo, assim como ser mais jovem e dominar todas as novidades não te faz melhor do que ninguém. É preciso entender que há pessoas que agem e pensam de forma mais parecida com você e há aqueles que, para obter a produtividade desejada, precisam de condições diferentes de trabalho. Em outras palavras, os estilos de trabalho não são únicos e imutáveis. A continuidade de qualquer empresa depende de se manter conectado aos clientes – a todos eles, independentemente da idade. Portanto, saiba ouvir e respeitar as diferenças e invista em equipes com funcionários de idades diversas, para manter a empresa competitiva.
2- Não se prenda a estereótipos
Apesar de pessoas de uma mesma geração costumarem ter características parecidas, não caia no erro de achar que todas são iguais só porque têm idades próximas. Fuja de estereótipos e ideias pré-concebidas, como “a geração atual não quer saber de compromisso” ou “os mais velhos são sempre conservadores”. Este tipo de pensamento não leva a lugar nenhum e cria preconceitos.
Na verdade, independentemente da idade, as pessoas têm comportamentos que se assemelham no ambiente de trabalho. Por exemplo, algumas podem preferir segurança, rotina e previsibilidade, enquanto outras precisam de mais liberdade e autonomia. Umas se sentem estimuladas com metas e desafios, já outras não funcionam desta forma. São estes fatores que precisam ser observados, mais do que a idade simplesmente.
3- Comunicação efetiva
Perceba como a comunicação funciona melhor para cada grupo de funcionários e invista em diferentes frentes para fazer a mensagem chegar até a equipe da melhor forma possível. Isto é, para algumas pessoas o que dará mais certo é formalizar decisões por escrito, em atas de reuniões e e-mails, por exemplo. Para outras, a forma mais efetiva de se fazer entender é de maneira mais informal. O que importa, no final, é deixar claro para toda a equipe quais são as metas e o que se espera das entregas de cada um. Isso evita ruídos e situações de desconforto nos times. Outro ponto que merece atenção é que a liderança deve sempre comunicar à equipe o valor das entregas de cada um. Reconhecer publicamente as conquistas é uma forma de valorizar as pessoas e suas tarefas. É como se o líder fosse um maestro de uma orquestra, que precisa saber a hora certa de dar destaque a cada um.
4- Construção diária
Lembre que não será fácil e você enfrentará desafios. Lidar com equipes multigeracionais é uma construção diária, que exige respeito e empatia. A empresa deve ter postura e cultura amigável para atrair e reter pessoas de diferentes idades. Isso significa ter flexibilidade e pensar em alternativas que se adequem às diferentes realidades, para que cada um entregue o melhor que puder.
Exemplo na prática
Um exemplo de empresa onde diferentes gerações trabalham juntas é a Via Certa Educação Profissional, rede de franquias de cursos profissionalizantes. Além de os três os sócios da marca terem décadas de diferença entre si (31, 45 e 69 anos), eles também empregam funcionários de todas as idades.
“Nas pessoas mais velhas, enxergo a bagagem, a experiência e a calma para resolver problemas e enfrentar dificuldades. Já os mais novos precisam de tempo para se aprofundar nos assuntos, mas pensam rápido, têm muita energia, vontade e velocidade, além de lidar bem com tecnologia. O importante é extrair o que há de melhor em cada geração”, afirma Décio Marchi, 45 anos, diretor executivo da rede.
Segundo ele, no dia a dia da empresa, saber respeitar as características de cada um é essencial. “Temos de estar abertos e dispostos a ouvir todos os lados. É preciso se colocar no lugar da pessoa, tentar enxergar o que ela está visualizando e saber se comunicar com ela”, opina. Para Marchi, não há nenhuma desvantagem em montar equipes com diversidade diversidade geracional – muito pelo contrário. “Vejo apenas ganhos. Não é à toa que os times de futebol, por exemplo, sempre têm jogadores mais experientes ao lado dos mais jovens. Na Fórmula 1 acontece a mesma coisa. Se até os esportes de alta performance fazem isso é porque existem muitos benefícios nessa troca de experiências”, finaliza.